quinta-feira, 1 de julho de 2010

Caminhando debaixo do arco-íris - III

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No relato do ministério de Jesus sobre a Terra, só vejo uma vez em que se aproximou de um estado semelhante ao “esgotamento”. No Jardim do Getsêmane, Jesus caiu prostrado em terra e orou. O suor rolava com gotas de sangue. Suas orações tomaram tom não característico de implorações. Diz Hebreus 5.7 que ele “tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte”, sabia, é claro, que não seria liberto de morrer. Enquanto essa consciência crescia em si, Jesus sentiu angústia. Não tinha uma comunidade que o apoiasse – estavam todos dormindo.

Contudo, uma mudança dramática ocorre entre a cena do Getsêmane e tudo o que se segue. Os relatos dos evangelhos sobre o Getsêmane mostram uma pessoa angustiada e em grande sofrimento. Depois do Getsêmane, mostram uma pessoa que, mais que Pilatos, mais que Herodes, está no pleno controle da situação. Leia os relatos dos julgamentos. Jesus não é vítima: está sereno, o mestre do seu destino.

O que aconteceu no jardim que fizesse a diferença? Temos poucos detalhes sobre o conteúdo das orações de Jesus, pois os que podiam ser testemunhas estavam dormindo. Talvez ele recordasse todo seu ministério sobre a Terra. O peso de tudo que ficou sem fazer poderia talvez pesar sobre ele: os discípulos eram instáveis e irresponsáveis, o movimento corria sérios riscos, o mundo ainda era lar de maldade e muito sofrimento. O próprio Jesus parecia estar nos limites do que um ser humano pudesse suportar. Ele não tinha maior prazer com a idéia de dor e morte do que eu ou você.

Mas de alguma forma, no Getsêmane, Jesus trabalhou a crise, transferindo o fardo sobre o Pai. Era a vontade de Deus que ele viera cumprir, afinal, e sua oração se resolveu nas palavras “Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres” (Mateus 26.39). Não muitas horas depois ele podia clamar a profunda verdade: “Está consumado” (João 19.30).

Oro perdido esse senso de desligamento, de confiança. Oro para que eu veja o meu trabalho, minha vida, como uma oferta a Deus a cada dia. Aprendi que Deus é um Deus de misericórdia, de compaixão, de graça – um chefe confiável, certamente. Deus, e Deus somente, tem as qualificações para ajudar-me a enfrentar o caminho escorregadio entre amor pelo próximo e amor por mim; um caminho ladeado pela hipersensibilidade e pelo calo.

Philip Yancey

 

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Fonte: Igreja, por que se importar?

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