Uns caem e se levantam, outros não

Como caíram os valentes – 2 Sm 1.25

Estava vendo uns vídeos no youtube e encontrei umas mensagens de um tele-evangelista norte americano que durante a minha adolescência me fazia acordar mais cedo aos sábados para assisti-lo. Tenho até hoje vários dos livros que ele enviava gratuitamente. Mas, um dia, fui surpreendido pela triste notícia de que ele havia sido fotografado entrando em um motel com uma prostituta. Quando confrontado, assumiu que aquilo era uma prática em sua vida a muitos anos. Que tristeza! Na época chorei por ele! Ao vê-lo no youtube, me emocionei e senti saudades dele. Senti vontade de dizer como disse Davi ao saber da morte de Saul e de Jônatas, “como caem os valentes”. Mas, o que me chama a atenção é o fato de que muitos são os casos de quedas morais, tanto na vida de pessoas famosas como na vida de desconhecidos, e que depois da queda alguns se levantam e se tornam até melhores do que eram antes. Outros desaparecem e nunca mais se levantam. Por que será? Será que Deus perdoa alguns e outros não? Acho que não. Acredito que isso está mais ligado à reação do próprio homem quando confrontado com a luz de Deus.

Veja o exemplo de dois homens da Bíblia, Saul e Davi. Ambos tiveram suas quedas. E se me perguntar qual teve quedas mais espalhafatosas, eu diria que foi Davi. Mas, vemos um Saul que foi rejeitado por Deus (1 Sm 16.1) e um Davi que, mesmo tendo errado, errado feio, continuou sendo um homem segundo o coração de Deus. Vejo nos dois, reações diferentes diante da queda e do confronto de Deus:

• Saul gostava de transferir a culpa para os outros (1 Sm 15.15,21). Davi assumia sua culpa. Vemos no Salmo 51, que Davi escreveu logo após o confronto com seu pecado, em momento algum ele culpou ao diabo, a Bate-seba, aos problemas familiares, à carne que é fraca. Davi disse, “contra ti pequei”. “Eu pequei”, disse ele. Quando vemos alguém que sempre tem alguém para culpar por seus erros, estamos diante de alguém que provavelmente não se levantará.
• Em sua primeira queda, ao sacrificar o holocausto antes de Samuel chegar, vemos Saul fazendo menção do fato de Samuel ter se atrasado e este ser um dos motivos de seu ato precipitado (1 Sm 13.11). Olha outra marca dos que caem e não se levantam. Estes gostam de justificar seus erros com os erros dos outros. “Eu fiz isso, mas tem gente que faz pior”. Não vemos Davi apontando o erro de ninguém para justificar os seus.
• Saul se preocupava mais com sua reputação do que com o fato de ter entristecido a Deus (1 Sm 15.30). Ele era alguém que não se humilhava nem admitia ser humilhado por ninguém. Já Davi, aceitou até pedradas e insultos injustos (2 Sm 16.5-13). Pessoas que erram, mas não querem ser criticadas por isso e que saem esbravejando quando caem na boca do povo pelos seus erros, são soberbos, e Deus resiste ao soberbo. Sua graça só é liberada aos humildes (1 Pe 5.5).
• Saul só se preocupou em perder seu trono e lutou com unhas e dentes para se manter nele após sua queda. Davi só se preocupou em não perder o Espírito Santo (Sl 51.11). Vemos pessoas que entram numa luta para se manterem em suas posições depois da queda, sem nenhuma preocupação se estarão com a mesma unção. Acredito que aquele que se preocupa com a presença de Deus em sua vida, após a queda pode perder uma posição, mas não seu ministério. Este pode perder sua fama, mas não sua bênção. Pode ter sua reputação manchada por algum tempo, mas a glória da segunda casa se torna maior que a primeira.

Deus quer que todos os valentes que caíram se levantem. E muitos se levantarão. Mas tomemos cuidado para não seguirmos o caminho de Saul e de seus discípulos atuais. Sejamos pessoas segundo o coração de Deus. Estes caem também, pois são seres humanos, mas se levantam, porque quem os levanta é Deus. Contra estes nenhuma acusação há (Rm 8.1).